CRM VIRTUAL

Conselho Regional de Medicina

Acesse agora

Prescrição Eletrônica

Uma solução simples, segura e gratuita para conectar médicos, pacientes e farmacêuticos.

Acesse agora

Os números de violência contra o médico no Espírito Santo são alarmantes. Segundo a Pesquisa sobre Violência no Ambiente de Trabalho Médico, realizada pelo Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), 84% dos médicos que responderam ao estudo já sofreram algum tipo de violência – 75% dos médicos sofreram algum tipo de violência no período de recorte principal da pesquisa, entre agosto de 2024 e agosto de 2025. Os resultados apresentam outros dados assustadores, com destaque para agressões verbais e físicas, assédio moral e sexual, condições de trabalho precárias e exploração profissional.

O total de profissionais que responderam à pesquisa representa 2,06% dos médicos que atuam no Espírito Santo. Dos 333 profissionais que participaram, 67% são mulheres e 53% são médicos com menos de 5 anos de formado, o que revela outro dado grave: a discriminação de gênero e etarismo.

Os comentários coletados indicam que a violência é uma realidade constante na rotina profissional. 75% dos médicos dizem ter sofrido algum tipo de violência entre duas e cinco vezes (46,2%), mais de cinco vezes (18,3%) e constantemente (11,1%).

VEJA A PESQUISA COMPLETA – link

PRINCIPAIS PONTOS DE CRISE IDENTIFICADOS

Violência verbal, física e sexual
Relatos apontam para a frequência de agressões, com casos que incluem quebra de consultórios e a necessidade de acionamento policial. Há médicos, por medo e insegurança, que abandonaram seus postos de trabalho e até a profissão.

Condições de trabalho desumanas
Profissionais enfrentam jornadas exaustivas com falta de estrutura básica (como água potável e material de higiene), salários defasados e pressão de gestores por atendimento em tempo insuficiente.

Atestados Médicos e demora no atendimento como estopim
A recusa em fornecer atestados sem critério clínico e a demora no atendimento são citadas como os maiores motivadores de confusões e agressões por parte dos pacientes.

Exploração por PJ
A obrigatoriedade de trabalhar como Pessoa Jurídica (PJ) para empresas que exploram a categoria, ficando com a maior parte dos repasses, é uma queixa recorrente, associada à queda salarial e à falta de segurança financeira.

 

MEDIDAS DO CRM-ES

No momento, o CRM-ES tem atuado institucionalmente com a Comissão de Defesa e Segurança do Médico, que cobra ações concretas dos gestores. Em alguns casos, médicos foram inclusive, por recomendação da Comissão, transferidos de unidade. Todos os que denunciaram receberam o comunicado por escrito do gestor sobre as medidas cobradas pelo CRM-ES.

Medidas imediatas

Mas, em função da gravidade do caso, o Conselho vai criar um plano de ação imediato para tentar reverter este quadro, com aumento do trabalho de fiscalização e de articulação com o Ministério Público, gestores públicos e parlamentares.

– Apresentar à Assembleia uma proposta de Projeto de Lei que obrigue as unidades públicas de saúde a contar com segurança pessoal, além da patrimonial.
– Oficiar o MP, secretarias municipais e Estadual de saúde e a Secretaria Estadual de Segurança Pública para adotar medidas efetivas de proteção aos profissionais de saúde, como a instalação de botão do pânico, segurança patrimonial e também pessoal, e ampla divulgação, nessas unidades, de que a agressão aos servidores públicos é crime, passível de punição pela Justiça.
Interditar, eticamente, unidades onde essas agressões ocorram com mais frequência.

“A pesquisa é um grito de socorro. Nossos médicos estão sendo explorados, coagidos e agredidos diariamente, e sentem-se desamparados. O CRM-ES não se limitará a um post de repúdio. Usaremos esses dados para uma atuação forte e incisiva, pressionando as autoridades e instituições para garantir que a classe médica capixaba tenha o respeito, a segurança e as condições de trabalho dignas que merece,” disse o presidente do CRM-ES, Dr. Fernando Tonelli.

O CRM-ES reforça seu compromisso de apoio e não-julgamento aos profissionais de saúde, buscando medidas que vão além desta pesquisa, para que a medicina capixaba não se torne uma profissão de medo e desilusão.

O DIZEM OS MÉDICOS QUE FIZERAM RELATOS PARA A PESQUISA

“A violência contra médicos nos causa medo e insegurança, fazendo com que muitos médicos não voltem a trabalhar nas unidades em que sofreram agressão.”

“Deveria ter restrições para atestado médico, pois muitos atendimentos são apenas para isso e, quando negamos, há confusão.”

“Eu tive que praticamente abandonar o emprego por causa de Burnout e por só pensar em suicídio. Não temos nenhum tipo de suporte e parece que estão todos contra o médico. Penso constantemente em largar a profissão.”

“Parei de dar plantão por medo de agressão. No hospital de XXXXX, eu, médica mulher, fui assediada por pacientes diversas vezes e também em unidade básica fui agredida verbalmente e quase fisicamente e por medo mudei de cidade.”

“Muitas das agressões se devem a demandas de atestado e pressão por realização de procedimento desnecessários.”

“As unidades que trabalho têm apenas um segurança, que é só de patrimônio. No período noturno, o corredor de consultórios médicos fica sem ninguém e como, geralmente, estamos sozinhos, sendo mulher me sinto extremamente vulnerável, motivo pelo qual não faço mais plantão noturno.”

“Uma das agressões que sofri, praticada por um procurador do Ministério Público, resultou em sérias consequências internas, apesar de ter comunicado de imediato à minha chefia. O agressor recebeu um atendimento privilegiado por outro médico da instituição e foi aberta uma sindicância administrativa contra mim. Este episódio me abalou profundamente, exigindo que eu buscasse atendimento psiquiátrico e me afastasse do trabalho. Embora a sindicância tenha, obviamente, demonstrado a falsidade da acusação contra mim, a desilusão foi tão grande que decidi deixar a instituição. Isso representou o sacrifício de metade da minha renda mensal. Posteriormente, abandonei totalmente a prática da medicina.”

“Trabalho no SUS desde que me formei, mas a rotina de violência torna o trabalho insustentável. Lidar com assaltos a mão armada e o assédio de vereadores, líderes comunitários e da própria Secretaria de Saúde dificulta qualquer denúncia por medo de retaliação. Sou coagida constantemente: atendo pacientes armados e tenho que ceder a pressões de traficantes para fornecer atestados médicos.”

“A maioria das agressões que sofri ocorreu por causa de atestados médicos negados, pois o paciente não preenchia os critérios de afastamento. Acredito que deveria ser limitado o fornecimento de atestados somente para as situações mais graves.”

“Por medo de morrer, uma médica conhecida minha saiu da cidade de XXXXX.”

Aviso de Privacidade
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o Portal Médico, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.