Carta Aberta aos Capixabas

Manifesto médico pela melhoria das condições de trabalho e atendimento à população

O Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) e a Associação Médica do Espírito Santo (Ames) vêm, incansavelmente, denunciando a falta de condições de trabalho para o médico nas unidades públicas de saúde e propondo soluções aos gestores com o objetivo de oferecer aos pacientes e aos profissionais da saúde condições adequadas e dignas de atendimento.

Infelizmente, o que vem ocorrendo é uma crescente desestruturação nas condições básicas para se prestar atendimento médico, provocando, inclusive, aumento da indignação pública e de agressões a esses profissionais, que mantém contato direto com o paciente e seus familiares.

O episódio ocorrido com o Dr. Aurédio José do Couto, na Unidade de Saúde de Jardim América, em Cariacica, na última terça-feira (15/5), é uma constatação do desgaste emocional que o profissional, com mais de 40 anos atuando nessa unidade, vem sendo submetido no seu dia a dia de trabalho.

Defendemos a ordem e a qualidade no atendimento médico e deixamos bem claro que não compactuamos com atitudes agressivas ou descontroles como o ocorrido com o citado profissional. Da mesma forma, temos protestado firmemente quando a população, muitas vezes, sob o estresse de longos atrasos no atendimento, explode em atitudes semelhantes. Nada justifica a agressividade.

Mas é necessário reconhecer publicamente que todas essas reações e ações são fruto das más condições das unidades de atendimento. Estas sim, em total descontrole no que diz respeito à estrutura física, condições para o médico trabalhar e acolhimento aos pacientes.

Esse incidente lamentável, reflexo da realidade cotidiana por que passa o profissional de saúde, poderia ter ocorrido em qualquer outro estabelecimento de saúde pública, já que a situação caótica persiste em inúmeros outros locais. Só para exemplificar, durante o ano de 2017 até março deste ano, o CRM-ES fiscalizou 729 unidades de saúde (387 na Grande Vitória, 199 no norte e 143 no sul do Estado). A grande maioria com sérios problemas, o que gerou relatórios enviados para o Ministério Público Estadual e Federal, Defensoria Púbica, Vigilância Sanitária Municipal e Estadual, secretarias municipais de Saúde, prefeituras e Direção Clínica das unidades fiscalizadas que apresentaram problemas.

Esses relatórios têm por objetivo indicar os problemas existentes para que soluções sejam adotadas. Essas soluções (ou parte delas) até produziram algumas vitórias, mas, infelizmente, a maior parte dos problemas continua sendo varrida para debaixo do tapete.

Está mais do que na hora de os poderes constituídos, que são responsáveis diretos por prover as condições de trabalho dos profissionais de saúde e de atendimento à população, darem respostas concretas, efetivas a quem lhes paga o salário.

Continuaremos a denunciar os graves problemas, a exigir soluções e segurança para todos. Dentro desse contexto, o CRM-ES anuncia que está criando uma Comissão de Segurança em caráter permanente, cujo trabalho será acolher denúncias sobre falta de segurança, encaminhar e cobrar dos poderes públicos soluções para todos eles. Representantes da Ames e do Simes foram convidados a participar dessa Comissão e conclamamos os médicos que desejam participar desse esforço a também se juntar a nós. De forma especial, as mulheres médicas, vítimas mais frequentes das agressões.

Estamos mais atuantes e vigilantes do que nunca. Não aceitaremos mais o silêncio das autoridades como única resposta a essa situação caótica a que profissionais de saúde e a população são submetidos todos os dias. Queremos soluções!

Vitória, 17 de maio de 2018

AMES CRM-ES SIMES

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