Um encontro que reuniu hoje (11), no Auditório do CRM-ES, autoridades públicas, conselheiros, entidades representativas da Oftalmologia e profissionais da área, resultou em um documento com informações sobre problemas em mutirões realizados, principalmente em Baixo Guandu, e um pedido de que esses eventos sejam feitos com mais rigor e sob fiscalização da Vigilância Sanitária e do CRM-ES.

Ainda em revisão, o documento apresentará denúncias que chegaram à Sociedade Capixaba de Oftalmologia sobre complicações muito acima da média dessas cirurgias oftalmológicos. Ele terá, também, recomendações técnicas do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e do CRM-ES e uma orientação para que a Vigilância Sanitária e o Conselho de Medicina façam a fiscalização de todos os mutirões.

Segundo a presidente da CBO, Dra. Wilma Lelis, só na Região Sudeste foram realizadas 440 mil cirurgias oftalmológicas no ano passado. Vila Velha, no Espírito Santo, é a quinta cidade que mais fez esse tipo de procedimento. Dra. Wilma revela números que lançam uma imensa preocupação com os mutirões, como os ocorridos mais recentemente em Rondônia, que realizou 140 cirurgias e gerou 40 casos de infecção por dia, bem como no Amapá, que de 141 procedimentos, teve 104 casos de infecção. “São casos que podem provocar a perda de visão desses pacientes.”

O presidente da SCO, Dr. Rubens Machado, falou da preocupação dele com as complicações crescentes geradas no Espírito Santo por conta desses mutirões oftalmológicos, em especial no município de Baixo Guandu. “Há complicações nas últimas campanhas aqui e alguns desses casos são gravíssimos”, disse o oftalmologista, que ressaltou a esperança dele de que o encontro de hoje pudesse criar um canal para tentar resolver esses casos. “Esses pacientes não podem ficar desassistidos após a cirurgia.”

A conselheira e coordenadora da Câmara Técnica de Oftalmologia do CRM-ES, Dra. Rochelle Pagani Rodrigues, reforçou as preocupações da Sociedade Capixaba de Oftalmologia: “A realidade é que estamos recebendo pacientes com complicações e sem acompanhamento pós operatório adequado”. Para ela, é preciso estreitar as relações com as autoridades envolvidas em relação aos mutirões de oftalmologia, para garantir mais segurança à população.

O conselheiro federal Dr. Carlos Magno Pretti Dalapicola ressaltou que o CFM editou e a resolução 2.371/2023, que atinge aos mutirões de todas as especialidades e orienta médicos e autoridades à conduta necessária para a realização desse tipo de evento. A resolução, por exemplo, determina que o responsável técnico tem de estar inscrito no CRM local e tem de passar o nome de todos os médicos relacionados para as cirurgias.

O presidente do CRM-ES, Dr. Fernando Tonelli, pediu aos médicos, entidades e à sociedade para que denunciassem os procedimentos em desacordo com as medidas sanitárias, para permitir uma ação mais rigorosa da fiscalização do Conselho, e ressaltou a importância da participação de oftalmologistas locais nos mutirões, para o melhor acompanhamento dos pacientes.

Para o subsecretário Estadual de Saúde, Dr. Tadeu Marino, encontros como o realizado pelo CRM-ES são fundamentais para conhecimento e avaliação de correção de rumos, caso seja necessário. Ele pediu que profissionais e pacientes denunciem esses casos, para que a Sesa possa apurar. De acordo com as informações do subsecretário, a Vigilância Sanitária notificou uma empresa contratada para fazer procedimentos oftalmológicos em Baixo Guandu para fazer adequações de procedimentos.

Participaram da reunião, também, a secretária Municipal de Saúde de Linhares, Sonia Dalmolin de Souza, o chefe do Núcleo da Vigilância Sanitária do Estado, Eber da Silva Dantas, o deputado estadual Dr. Hudson Soares Leal, conselheiros, autoridades e médicos oftalmologistas.

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