Depois de uma reunião com servidores que atuam no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória, na noite do dia 10/11 e de uma vistoria feita no dia seguinte para constatar as péssimas condições de atendimento da unidade, tanto para os pacientes quanto para os médicos, o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) decidiu que vai encaminhar denúncia ao Ministério Público Estadual e Federal. O Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) acompanhou a vistoria, que constatou, mais uma vez, as cenas de terror que viraram os hospitais públicos no Estado.
“Queremos sensibilizar a sociedade capixaba e os gestores públicos para a situação absurda do Hospital Infantil. É importante fazer um apelo para que o Ministério Público Estadual e Federal, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Defensoria Pública e a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa também se mobilizem. A situação é muito grave”, desabafou o presidente do CRM-ES, Carlos Magno Pretti Dalapicola.
A vistoria, desta terça-feira (dia 11), terminou com uma mobilização que reuniu os pediatras do Hospital Infantil. Todos tinham uma faixa preta no braço, em sinal de luto pela situação calamitosa da instituição. Uma delas, Tânia Perim, que atua no CTI, denunciou as péssimas condições de trabalho e de atendimento. “Os pacientes têm apenas um banheiro, temos problemas de ventilação, de sobrecarga de trabalho e de superlotação.”
Tânia aproveitou para contestar a informação divulgada pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) de que não consegue preencher as vagas de pediatra. “Tem pediatra sim, mas o problema é que o profissional não quer trabalhar nessas condições. Os médicos dão o melhor para o paciente, mas atender assim é frustrante”. A também pediatra do Hospital Infantil, Norma Louzade, disse que há seis meses a escala de plantão da unidade está desfalcada. “A situação é crítica aqui.”
Acompanhado do presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo, Otto Baptista, o Presidente do CRM-ES listou alguns dos problemas que se arrastam no Infantil: superlotação, condições insalubres de trabalho e de atendimento ao paciente, falta de médicos e sobrecarga de trabalho, e falta de leitos de retaguarda.
“Os pacientes estão sendo atendidos em condições precárias, amontoados em quartos e corredores do Pronto Socorro, sem que o Estado tome providências que realmente resolvam o problema”, disse Carlos Magno. A questão é mais crítica, segundo ele, por conta da falta de resolutividade de outras unidades de saúde, que mandam seus pacientes para o Hospital Infantil.
“A população precisa entender que o caos é culpa do gestor e não do médico. Em unidades na situação do Hospital Infantil, as condições de trabalho do médico são precárias e ele não pode fazer muito mais do que já faz pelos pacientes”, justifica o presidente do CRM-ES.
Carlos Magno explica que o Pronto Socorro não pode ser usado para internar pacientes. “O PS é feito para atender a uma emergência e, depois, transferir o paciente. A situação do Hospital Infantil é de caos, um descaso com o paciente e um absurdo com o médico, que estão ficando doentes em função da alta demanda.”
No PS, as crianças estão sendo atendidas de forma desumana. Elas dividem macas, ficam em cadeiras e ainda lotam os corredores. A questão, para o presidente do CRM-ES, é de Vigilância Sanitária. “Os pacientes correm o risco de vir para cá com um problema simples e ter uma grande complicação de saúde.”

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