Os pacientes com mais de 60 anos de idade e os que têm pelo menos uma comorbidade são as maiores vítimas da Covid-19 no Espírito Santo. O estudo, encomendado pelo CRM-ES à empresa Vigilância Epidemiológica e Epidemiologia (Vigiepi), constatou que pessoas com 60 anos ou mais tiveram 11,6 vezes mais chances de evoluir a óbito dos que os que tinham menos de 60 anos, e as que possuíam alguma comorbidade tiveram 90% mais chances de morrer do que os pacientes que não tinham doença(s) pré-existente(s). As mulheres tiverem 40% mais chances de sobreviver do que os homens.

A empresa trabalhou com dados coletados, de março a 15 de setembro de 2020, do Sistema e-SUS/VS (Sistema de Informação Nacional e Oficial para Notificação de Casos de Coronavírus). De acordo com o trabalho, a ocorrência de óbitos acompanha a curva de casos, o que sugere que não houve influência nas mortes pela sobrecarga do sistema de saúde ou pela introdução de tratamentos.

Como se esperava, o estudo confirmou que a maioria dos óbitos no Estado, como em todo o Brasil e no mundo, está relacionada a pacientes que tinham mais de 60 anos ou que apresentavam alguma comorbidade. Entre os contaminados no Espírito Santo, quase 15% eram de pessoas que tinham profissiões relacionadas à área de saúde.

Entre os casos que necessitaram de internação hospitalar, houve prevalência de pessoas do sexo masculino e com idade variando entre 50 e 79 anos.

As características étnicas e de escolaridade dos casos que evoluíram para óbito, indica o estudo, estavam relacionadas ao perfil sócio econômico da região e a preponderância dessas características na população geral. O índice de pessoas que morreram e que tinham Ensino Fundamental Incompleto indica que a vulnerabilidade social pode estar relacionada ao óbito – é importante frisar que a maioria dos casos de contaminação é de pessoas que têm o Ensino Médio e o Superior Completo.

As cidades que registraram mais casos no Estado, no período do estudo, foram Vila Velha, Serra, Vitória, Cariacica e Linhares. Comparativamente à população, no entanto, lideraram as estatísticas os municípios de Presidente Kennedy, de Colatina, de São Gabriel da Palha, de Marechal Floriano, de Ibiraçu e de Marataízes.

Achatamento da curva

Outra constatação foi de que o achatamento da curva de casos e de óbitos no Espírito Santo ocorreu a partir de meados de julho até o dia 15 de setembro, última data registrada pelo estudo. A empresa contratada pelo CRM-ES analisou os fatores associados aos óbitos registrados pela pandemia no Estado e o índice até então, que ficou em 3% dos casos confirmados da doença.

Os pesquisadores apontam que houve dificuldade na identificação de casos mais leves da doença, o que poderia explicar a taxa de letalidade próxima a 3% – o esperado era de que esse índice ficasse em cerca de 1% dos contaminados.

Dados sobre as mortes por Covid-19 confirmadas por RT-PCR
(
teste que possibilita melhor controle epidemiológico)

-Pessoas que tinham pelo menos uma comorbidade tiveram 90% mais chances de evoluir a óbito

-Pessoas com 60 anos ou mais tiveram 11,6 vezes mais chances de evoluir a óbito

-Mulheres tiveram 40% menos chances de evoluírem a óbito

-Os não residentes na Região Metropolitana tiveram 50% mais chances de evoluírem a óbito

-Pessoas com mais de oito anos de escolaridade tiveram 40% menos chances de evoluir a óbito

-Os não profissionais de saúde tiveram 2,4 vezes mais chances de evoluirem a óbito do que os profissionais da saúde

-Brancos e pardos tiveram 30% menos chances de evoluir a óbito, comparados a outras etnias, como indígenas e amarelos.

Pontos de destaque no estudo

-O estado do Espírito Santo conseguiu o achatamento da curva entre meados de julho e 15 de setembro.

-O ES apresenta índice de 3% de óbitos dos contaminados registrados, número superior ao índice esperado de mortes pela Covid-19, próximo a 1% das pessoas que contraíram a doença. O dado sugere o baixo rastreamento de contaminados – os dados do ES apontavam que 32% dos testados contraíram o vírus, índice muito superior ao esperado pela OMS, de 12%.

-A ocorrência dos óbitos acompanha a curva de casos registrados da Covid-19, o que sugere que as mortes não foram influenciadas por eventos como a sobrecarga do sistema de saúde ou a introdução de tratamentos.

-Um alto percentual de profissionais da saúde foi notificado como contaminado pela Covid-19, representando 15% dos casos registrados no Estado.

-A maioria dos casos foi confirmada por critério laboratorial, com predominância do uso do RT-PCR, teste que possibilita melhor controle epidemiológico. Como ele pode ser realizado mais precocemente, dá mais chances de a pessoa infectada entrar em isolamento e evitar contaminar outras pessoas.

-Há evidente dificuldade no processo de notificação de casos e inserção no sistema de informação por parte dos municípios. Todos os dados analisados têm um percentual importante de informação desconhecida.

-O sistema de informação disponibilizado publicamente não permite análises importantes de prognóstico, em parte porque o sistema oficial não a dispõe, como detalhamento de sintomas, e em parte por estar disponível publicamente somente dados do e-SUS/Notifica. As informações do SIVEP-Gripe também são oficiais e poderiam estar disponíveis publicamente para permitir melhor análise.

Veja o relatório completo da pesquisa epidemiológica

http://www.crmes.org.br/images/relatorios/relatorio%20final%20covid-19%20es.pdf

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