A experiência dos médicos capixabas que já completaram 70 anos foi comemorada na quarta-feira (dia 5/10), na sede do CRM-ES, com uma cerimônia de jubilamento. Esta foi a primeira das quatro sessões que serão realizadas neste mês de outubro.

A partir dos 70 anos, os médicos são jubilados, o que significa, na prática, que ficam desobrigados de pagar a anuidade do Conselho. O presidente do CRM-ES, Carlos Magno Pretti Dalapicola, disse que o jubilamento é um reconhecimento e um agradecimento da Autarquia pelos serviços prestados por esses profissionais à medicina capixaba.

Na cerimônia do dia 5 foram jubilados 73 médicos. Entre eles, o neurologista e neurocirurgião Ayrton Gomes da Fonseca Filho. Com 46 anos de profissão, o médico disse que a medicina mudou muito neste período e condenou, especialmente, a mercantilização da profissão e a busca das pessoas pela medicina em troca de dinheiro.

“Sou de um tempo em que a medicina era uma arte, que o médico fazia porque gostava, independentemente de quanto ia ganhar. O dinheiro era uma consequência natural da qualidade do nosso trabalho. Meus colegas, grandes médicos, vivem bem, mas não ficaram ricos”, ressalta o neurologista.

Uma das poucas médicas do primeiro grupo de jubilados, a cardiologista Cleusa Gonçalves Lamego, é uma desbravadora. Quando formou, em 1972, a então Faculdade de Medicina da Ufes graduou três mulheres diante dos 50 homens que formaram. Mas sua “ousadia” daquele tempo foi além. Cleusa virou cardiologista, fez mestrado na PUC-RJ, quando as mulheres médicas, em geral, optavam pelas especialidades de ginecologia ou pediatria. “No meu tempo, mulher era para casar. Sempre subverti a ordem, revela.”

Outro homenageado da noite foi o urologista Carlos Alberto Emerich Gomes, de uma família recheada de médicos. Cinco dos seus seis filhos seguiram seus passos. No total, a família Emerich tem mais de 15 médicos. “A medicina representa tudo para mim. É uma atividade que a gente pode servir ao ser humano.”