Estudo da Demografia Médica no Brasil – 2015, divulgado no dia 30 de novembro, revelou, entre outros assuntos, que Vitória é a capital com o maior número de médicos por habitantes, reunindo 4.146 profissionais, o que representa 11,9 médicos para cada 1.000 habitantes.
No entanto, o vice-presidente do CRM-ES, Carlos Magno Pretti Dallapicola, ressalta que esse número não corresponde à quantidade de médicos que atua na capital capixaba. Esse quantitativo, ressalta Dallapicola, diz respeito ao total de médicos que moram na capital. “Muitos moram em Vitória e trabalham em cidades da região metropolitana, como Guarapari, Viana, Vila Velha, Serra e Cariacica”, disse.
Ele ressalta a importância do estudo sobre a demografia médica, mas acredita que um levantamento mais detalhado a respeito dos médicos que trabalham nas capitais, como Vitória, vai mostrar uma realizada diferente.
A Demografia Médica no Brasil – 2015 foi realizada por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), com apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), foi divulgado no dia 30 de novembro, em São Paulo.
Grandes temas – O estudo Demografia Médica no Brasil – 2015 traz em seus primeiros capítulos números atualizados sobre o total de médicos em atividade, os pontos de maior e menor concentração (estados, capitais e municípios), detalhes sobre o perfil desta população (divisão por gênero, faixa etária, etc.) e comparações entre a realidade brasileira com a de outros países.
Na segunda parte, o leitor encontrará o resultado de inquérito feito junto a mais de 2.000 entrevistados, que ajudarão a entender a percepção do médico sobre questões como vínculos de trabalho, jornada de diárias, sobrecarga e fatores que os estimulam ou os desestimulam o exercício da medicina. Além disso, há uma importante discussão sobre as diferenças entre a presença do médico no setor público e no setor privado.

Confira abaixo os principais pontos do estudo:

População médica cresce mais que a geral, mas persistem desigualdades na sua distribuição

O Brasil conta com 432.870 registros de médicos, o que corresponde à razão nacional de 2,11 médicos por grupo de 1.000 habitantes. A taxa brasileira fica próxima da dos Estados Unidos (2,5), do Canadá (2,4) e do Japão (2,2) e é maior do que a do Chile (1,6), China (1,5) e Índia (0,7). Os países com o maior número de médicos por habitantes são Grécia (6,1), Rússia (5,0), Áustria (4,8) e Itália (4,1).

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A meta anunciada pelo governo brasileiro, com a abertura de novas escolas, é alcançar a taxa de 2,6 médicos por 1.000 habitantes. Desde 2010 até novembro de 2015 foram abertas 71 novas escolas, o que fará aumentar a cada ano o número de concluintes dos cursos de medicina.

A tendência é que a população de médicos continuará crescendo mais que a população em geral do Brasil. Entre 1940 a 1970, a população cresceu 129,18% e o número de médicos, 184,38%. De 1970 a 2000, o total de médicos saltou 394,84% e a população, 79,44%. De 2000 a 2010, o efetivo médico subiu 24,95% contra um aumento populacional de 12,48%. Em 2014, enquanto a taxa de crescimento dos médicos foi de 14,9%, a da população foi de 5,4%.

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Desigualdades – Apesar dos significativos números absolutos ainda há um cenário de desigualdade na distribuição, fixação e acesso aos profissionais. As distorções acontecem sob diferentes ângulos. A maioria deles permanece concentrada nas regiões Sul e Sudeste, nas capitais e nos grandes municípios. Nas 39 cidades com mais de 500 mil habitantes, que juntas concentram 30% da população brasileira, estão 60% dos médicos do País.

Já nos 4.932 municípios com até 50 mil habitantes, onde moram 65,5 milhões de pessoas, estão pouco mais de 7,4% dos profissionais da área, ou seja, em torno de 31 mil médicos. Estas são algumas das conclusões do estudo Demografia Médica no Brasil 2015, realizado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) com apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), que foi lançado nesta segunda-feira (30), na capital paulista.

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O estudo também incluiu a comparação entre capitais e interior. Apesar de responderem por 23,8% da população do país, as capitais brasileiras reúnem 55,24% dos registros de médicos. Por outro lado, moram no interior 76,2% da população e 44,76% dos médicos. O trabalho mostra ainda que as capitais têm a média de 4,84 médicos por mil habitantes, enquanto no interior essa proporção é de 1,23.
As diferenças também ocorrem entre as regiões brasileiras. Enquanto no Norte moram 8,4% da população brasileira, nela trabalham 4,4% dos médicos do país. O Nordeste abriga 27,8% dos brasileiros e 17,4% dos médicos. Já o Sudeste responde por 42% da população e por 55,4% dos médicos. As regiões mais proporcionais são o Sul e o Centro-Oeste, que abrigam, respectivamente, 14,3% e 7,5% da população e têm 15%% e 7,9 dos médicos do país.

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A desigualdade na distribuição da população médica aparece também nas variáveis regionais. O Norte e o Nordeste apresentam uma razão de médicos/habitantes menor do que a média nacional (1,09 e 1,3, respectivamente). A situação é pior nos interiores do Norte e do Nordeste, onde a proporção de médicos por mil habitantes é, na sequência, de 0,42 e 0,46.

No Centro-Oeste, a proporção é de 2,20; no Sul, de 2,18 e no Sudeste, 2,75. Entre as unidades da federação, o Distrito Federal é o que apresenta o maior número de médicos por habitantes: 4,28; seguido do Rio de Janeiro (3,75), São Paulo (2,7) e Espírito Santo (2,7). A menor relação é encontrada no Maranhão (0,79), tem logo atrás o Pará (0,91), o Amapá (1,01) e o Acre (1,13).

O coordenador da pesquisa Demografia Médica 2015, Mario Scheffer, explica que a distribuição irregular de médicos não é um problema apenas brasileiro. “Evidências empíricas mostram que a qualidade de vida, lazer, distância para as áreas centrais da cidade, renda média e existência de um hospital, entre outras variáveis, são significativas para explicar a probabilidade de pelo menos um médico estar presente um uma cidade”, argumenta. Para melhorar a distribuição interna dos médicos, alguns países têm adotado medidas conjuntas visando a adequação dos cursos de graduação, o recrutamento, a fixação e a manutenção dos médicos no local de trabalho.

Com aumento no total de médicos,
Brasil se aproxima de países da OCDE

O Brasil possui uma taxa de 10,21 diplomados (recém-formados) em medicina por 100 mil habitantes, que é uma taxa próxima da aplicada nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), hoje em 10,56. O indicador brasileiro é maior do que o existente em países como Suíça (9,4), Espanha (9,0), Estados Unidos (6,5) e França (6,0).

O dado consta do estudo Demografia Médica no Brasil 2015, realizado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) com apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), que foi lançado nesta segunda-feira (30), na capital paulista.

De acordo com estudo, no Brasil, a tendência é de que essa taxa aumente ainda mais nos próximos anos, pois com a expansão de cursos e vagas de medicina, anualmente entram muito mais médicos no mercado de trabalho do que saem.

Em 2012, por exemplo, entraram 17.267 médicos e saíram 5.327. Em 2014, o número de novos médicos saltou para 19.993, contra 7.707 que deixaram de exercer a medicina, seja por morte ou aposentadoria, por exemplo. A previsão é que a partir de 2020, quando as escolas médicas autorizadas a funcionar agora formarem suas primeiras turmas, sejam formados anualmente no Brasil mais de 32 mil médicos por ano.

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59% dos médicos brasileiros possuem
ao menos um título de especialista

Dos médicos em atividade no Brasil, 59% – ou 228.862 – têm pelo menos um título de especialista. Os outros 159.341 profissionais (41% do total), denominados generalistas pelo estudo, não têm título emitido por sociedade de especialidade ou por programa de Residência Médica.

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Com este cálculo, o percentual de especialistas no Brasil fica próximo aos de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cujas populações médicas apresentam, em média, a seguinte configuração: 60% de especialistas, 30% de generalistas e 10% de médicos sem identificação desta informação.

Países como Alemanha, Holanda, Canadá, França e Austrália têm proporção de especialistas entre 60% e 52%. Entre os países com maior número de especialistas estão os Estados Unidos (88%) e Suécia (84%). O coordenador da pesquisa Demografia Médica 2015, Mario Scheffer, ressalta que a comparação entre os dados brasileiros e de outros países deve ser feita com ressalvas, já que a definição de “generalistas” e “especialistas” varia conforme a legislação local, as regras de graduação e das residências médicas.

Cabe ainda ressaltar que, 64.192 especialistas possuem dois ou mais títulos. O Demografia Médica no Brasil 2015 atualiza levantamento sobre o número de médicos especialistas titulados e sua distribuição entre as 53 especialidades médicas e entre as 27 unidades da federação.

De acordo com o estudo Demografia Médica no Brasil 2015, o aumento do número de médicos especialistas nos últimos anos pode ser reflexo da melhor qualidade e completude dos bancos de dados utilizados. Outro fator que pode estar causando mudança neste aspecto é a expansão dos programas e o crescimento no total de vagas de Residência Médica.

Desigualdade também marca a
distribuição de especialistas pelo País

A concentração geográfica de médicos especialistas segue a mesma proporção dos médicos em geral, revela o estudo Demografia Médica no Brasil 2015. O Sul e o Sudeste, por exemplo, concentram 70,4% de todos os especialistas. No Nordeste, estão 15,92% dos que têm pelo menos uma especialidade. No Centro Oeste, este percentual fica em 8,72% e no Norte em 3,74%.

A região com o maior número de especialistas é a Sul, que apresenta uma relação de 2,11 especialistas para cada generalista. Na outra ponta está o Norte, onde para cada especialista há um generalista. O Centro-Oeste tem uma razão de 1,96, seguido pelo Sudeste (1,38) e pelo Nordeste (1,17).

O Distrito Federal é a unidade da federação que tem a melhor razão de especialistas, 2,72 para cada generalista. Também têm uma boa proporção de especialistas: Rio Grande do Sul (2,21), Espírito Santo (2,12) e Santa Catarina (2,03). Os seis estados em que o número de generalistas é maior do que o de especialistas são: Rio de Janeiro (0,98), Pará (0,96), Maranhão(0,98), Pernambuco (0,92), Tocantins (0,80) e Rondônia (0,72).

A grande maioria dos médicos especialistas, 70% deles, tem entre 31 e 60 anos. Com os generalistas ocorre o contrário: os eles estão concentrados entre os mais jovens, ou entre os com mais de 60 anos. “É natural que as pontas concentrem os generalistas, pois os mais jovens ainda não tiveram tempo de fazer uma especialização e os mais velhos são de uma época quando não havia a exigência dos atuais critérios de titulação”, explica Mário Scheffer. De acordo com a pesquisa, de 20 a 30 anos, 73,7% dos médicos são generalistas e 26,2%, especialistas. Já entre os acima de 60 anos, 52,3% são especialistas e 47,6%, generalistas. Na faixa dos 31 e 60 anos, apenas 30% não têm especialidade.

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Seis especialidades respondem por metade dos titulados

Ao encontrar um médico especialista, há uma chance de 50% de que ele seja clínico, pediatra, cirurgião geral, ginecologista, anestesiologista ou cardiologista. Isso porque essas seis especialidades respondem por 49,1% de todos os títulos de especialistas em vigor no país.

A Clínica Médica concentra o maior número de títulos (35.060), seguida da Pediatria (34.637), da cirurgia geral (29.200), da ginecologia e obstetrícia (28.280), da Anestesiologia (20.898) e da Cardiologia (13.420). Na outra ponta está a genética médica, que conta com 241 especialistas.

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Já as seis especialidades consideradas básicas ou gerais (clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, medicina de família e comunidade e medicina preventiva e social) concentram 40,3% do total de especialistas.

Idade – As três especialidades com menor média de idade foram Medicina de Família e Comunidade (41,4 anos), Clínica Médica (41,9) e Cirurgia Geral (43,3). Já as especialidades que concentram os médicos com mais idade são Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (média de 58,5 anos), Homeopatia (57,5), Medicina Legal e Perícia Médica (56,9).

Para os pesquisadores, a média de idade pode indicar o encolhimento ou expansão de determinadas especialidades, o que pode ter relação com a maior oferta de vagas em Residências Médicas, mas também com a maior ou menor atratividade em função do mercado de trabalho.

Em posição intermediária na média por idade, encontram-se especialidades tradicionais, como Pediatria (47,1 anos) e Ginecologia e Obstetrícia (48,9 anos).

Também há especialidades onde se destacam as presenças masculina ou feminina. As mulheres são, por exemplo, 74,4% dos dermatologistas e 71,7% dos pediatras. Elas também são mais de 60% entre os endocrinologistas, alergistas e hematologista. Apesar de estreita diferença também já são maioria na Clínica Médica (50,4%), Ginecologia e Obstetrícia (52,9%) e Medicina de Família e Comunidade (56,5%).

As mulheres são minoria, no entanto, em todas as especialidades cirúrgicas, inclusive na cirurgia geral, que tem apenas 18,4% de médicas. A especialidade com menor participação feminina é a urologia, que tem apenas 83 mulheres tituladas, ou 1,86% do universo de urologistas.

População que depende do SUS tem três vezes
menos médicos que usuários de planos de saúde

É três vezes mais fácil encontrar um médico no setor privado do que no Sistema Público de Saúde (SUS). A confirmação dessa hipótese está na segunda parte do estudo Demografia Médica, realizado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) com apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), o qual foi lançado nesta segunda-feira (30), na capital paulista.

O inquérito revelou que 21,6% dos médicos trabalham apenas no setor público, enquanto 26,9% estão exclusivamente no setor privado. Como há sobreposição – 51,5%, dos médicos atuam concomitantemente nas esferas pública e a privada – pode-se afirmar que 78,4% dos médicos têm vínculos com o setor privado e 73,1%, com o setor público.

No entanto, o suposto equilíbrio numérico de médicos no público e no privado, precisa, no entanto, ser relativizado. É imensa a desigualdade de concentração dos médicos a favor do setor privado, se consideradas as populações cobertas pelo Sistema Único de Saúde (75% da população utilizam exclusivamente o SUS) e pela assistência médica suplementar (25% da população, além do direito ao SUS, têm plano ou seguro de saúde).

Em 2014, segundo estimativa do IBGE, o país tinha 201.032.714 habitantes. Em junho de 2015, de acordo com os números da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os clientes de planos de saúde eram 50.516.992. Os demais 150.515.722 de brasileiros recorrem exclusivamente ao SUS. Assim, em nível nacional, a população atendida pela assistência médica suplementar tem aproximadamente três vezes mais médicos à sua disposição que a população atendida pela rede pública.

As desigualdades público-privado podem assumir expressão ainda mais alarmante em diferentes regiões brasileiras e entre especialidades médicas. Acrescenta-se o fato de que o estudo mostrou maior concentração de médicos especialistas no setor privado. A forte atuação de especialistas em consultórios particulares contrasta com a baixa presença de médicos nos serviços de atenção secundária e especializada do SUS.

Postos de trabalho – Os resultados corroboram análises anteriores do estudo Demografia Médica no Brasil, que utilizou a Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária (AMS) do IBGE, realizada pela última vez em 2009, com o objetivo de levantar informações sobre todos os estabelecimentos de saúde existentes no País, públicos ou privados, com ou sem fins lucrativos, em regime ambulatorial ou de internação.
Ao analisar os dados sobre “postos de trabalho médico ocupados” (sendo que um médico pode ocupar mais de um posto) nos setores público e privado, em três anos distintos – 2002, 2005 e 2009, – para os quais havia informações da AMS-IBGE, observou-se que a evolução a favor do privado foi potencialmente maior, considerando o tamanho das populações cobertas exclusivamente pelo SUS (75% da população) e pelos planos e seguros privados (25% da população).

Em 2002 (AMS-IBGE), foram contados 209.325 postos de trabalho médico ocupados no setor público e, bem acima disso, 256.186 postos ocupados no setor privado; ou seja, uma diferença de 46.861 postos ocupados. Em 2005, a diferença a favor do privado manteve-se semelhante a 2002, com 286.258 postos ocupados contra 241.367 postos no setor público, uma diferença de 44.891. No entanto, em 2009, o setor privado passou a disponibilizar muito mais postos de trabalho de médicos (354.536) do que o setor público (281.481): a diferença saltou para 73.055 postos a favor do privado.

Para melhor comparação, verificou-se o crescimento de 1,35 médico ocupando posto de trabalho no setor público. No setor privado o crescimento foi maior: 1,86 posto de trabalho ocupado para cada médico registrado. Essa distância equivale a uma diferença expressiva na disponibilidade de médicos para a população coberta pelo setor privado em relação à população que depende exclusivamente do SUS.

Estudo esmiuçou diferenças de perfil entre os profissionais dos setores público e privado

A pesquisa também analisou outras variáveis acerca das diferenças entre os setores público e privado. No geral, no setor privado há mais homens, com idade média alta (52 anos), com rendimentos mais elevados. Já o setor público concentra mais mulheres e os jovens, com rendimentos mais baixos. Apenas 17,4% dos médicos com mais de 60 anos atuam no setor público. Já 40,1% dos profissionais com até 35 anos servem no SUS, contra 18,7% nesta faixa etária que atuam no setor privado.

Os homens são maioria no grupo que trabalha concomitantemente nos dois setores. Já as mulheres são maioria na esfera pública (52,7%), contra 47,3% dos homens, que também são predominantes no setor privado (64%). Entre as regiões, o Nordeste é a que tem mais médicos no setor público e em ambas as esferas do que apenas no setor privado.

Os médicos que atuam apenas no setor privado ou em ambos os setores ganham mais do que aqueles atuantes apenas no SUS. Dos médicos que trabalham no setor público, 37,8% ganham menos de R$ 8 mil mensais. Esta porcentagem cai para 21,8% entre aquele que atuam apenas no setor privado e para 11,8% entre os que trabalham nos dois setores.

Apenas 6,2% dos médicos que atuam exclusivamente no SUS estão na faixa salarial acima de R$ 20 mil. Já entre os médicos que atuam apenas na iniciativa privada ou nos dois setores, esse percentual sobe para 24%. A grande maioria dos profissionais que atuam no setor público – 84,5% – tem dois vínculos empregatícios. Entre os profissionais do setor privado, 27,1% têm dois empregos.

Entre os médicos que trabalham exclusivamente no setor público, 6,8% têm carga horária de 20 horas semanais; 39,4% trabalham de 40 a 60 horas e 19,8%, 60 horas ou mais. Entre aqueles que atuam exclusivamente no setor privado, os percentuais são 13,8%, 40,3% e 13,6% para as mesmas cargas horárias. Entre aqueles com atuação nos setores público e privado, 46% trabalham de 40 a 60 horas semanais e 47,5% mais de 60 horas por semana.

Os pesquisadores também questionaram se, dadas as mesmas condições salariais e de infraestrutura, os médicos prefeririam trabalhar nos setores público ou privada. A maioria, 58,2% disse que optaria pelo o SUS, contra 41,8% que escolheriam o setor privado. As mulheres (63,2%), os nordestinos (64%) e os médicos com até 35 anos (62,2%) são os perfis pesquisados que demonstraram uma maior preferência pelo setor público.

Maioria dos médicos do setor público atua em hospitais
Mais da metade dos médicos (51,5%) que atuam no setor público trabalham em hospitais, sendo 33,3% em estabelecimentos públicos de administração direta ou sob a gestão de Organizações Sociais, 14,2% em hospitais universitários e 11,7% em Santas Casas ou entidades filantrópicas.

Depois dos hospitais, os médicos do Sistema Único de Saúde servem em serviços de atenção primária em saúde (23,5%), que são as unidades básicas e o programa Saúde da Família e, por fim (4,8%) trabalham em serviços de atenção secundária e especializada, que são os ambulatórios de especialidade, UPAS, CAPS, entre outros.

Já entre os médicos que atuam no setor privado, o lugar de trabalho mais frequente é o consultório particular (40,1%), tendo o hospital privado como segunda opção (38,1%). Os outros locais são a clínica ou ambulatório privado (31,1%), universidade privada (5,3%), serviço médico de empresa (4,8%) e laboratórios e serviços de diagnose e terapia (1,8). Há ainda uma parcela de 2,2%, tanto no setor público quanto no privado, que citou outros locais, como cargo em indústria farmacêutica ou auditoria do INSS.

Tipo de vínculo – Outro dado refere o tipo de vínculo estabelecido entre o médico e o empregador, tanto no setor público quanto privado. O assalariamento é a forma mais comum (44,4%) de remuneração dos médicos, seguida por número de pacientes atendidos (23,2%), por hora trabalhada (13,5%), por número de procedimentos (10,8%) e por “pacote”, sistema comum em planos de saúde, que consiste num conjunto de procedimentos e atos médicos necessários ao atendimento de determinado diagnóstico ou situação clínica.

O pagamento de salários é mais presente entre os jovens, pois 48,3% dos médicos com até 35 anos recebem por este tipo de remuneração. Apenas 10,3% deles recebem por pacientes atendidos. Já 40,5% dos médicos com mais de 60 anos são remunerados por atendimento realizado. A remuneração por procedimento também é a forma mais comum de remuneração na iniciativa privada, que remunera 40,5% dos médicos dessa forma.

Médicos sofrem com múltiplos vínculos
e longas jornadas de trabalho e plantões

O inquérito constatou ainda que a maioria dos médicos tem mais de um emprego, submete-se a longas jornadas semanais, são assalariados e comumente fazem plantões. No exercício profissional, 59,1% dedicam-se apenas a atividades clínicas e assistenciais; 37,8% acumulam a clínica com cargos de gestão, docência ou pesquisa e 3,1% atuam apenas em atividades de gestão, administrativas ou de docência. Dos médicos que realizam consultas e atividades clínicas, 36,6% realizam cirurgias, seja em nível ambulatorial ou hospitalar.

Os médicos também têm muitos vínculos empregatícios. Apenas 22% dos médicos têm apenas um empregador, sendo que 29,5% trabalham em dois lugares; 24,3% têm três vínculos; 12% respondem a quatro empregadores; 6,8% trabalham em cinco lugares e 5,4% em mais de seis.

A multiplicidade de empregos é mais comum entre os mais jovens. Dos que têm até 35 anos, 28,7% têm quatro ou mais vínculos empregatícios e 7,1% têm seis ou mais vínculos. Nessa faixa etária, apenas 18% têm apenas um único emprego. Os médicos com mais de 60 anos formam o grupo com menor número de empregos: são 40,8% com um único vínculo e 35,4% com dois.

O Nordeste é a região onde há maior porcentagem de médico com quatro os mais vínculos de trabalho: são 29%. No Sul, são 26% e, no Sudeste, 22,9%. Na outra ponta, o Sudeste tem 24,5% dos médicos com apenas um vínculo de trabalho e no Nordeste, 14,3% têm apenas um emprego.

Jornada de trabalho – Se têm muitos vínculos trabalhistas, os médicos, consequentemente, trabalham muito: 75,5% deles trabalham mais de 40 horas por semana, sendo que 43,1% dedicam à medicina de 40 a 60 horas semanais; 15,5% trabalham de 60 a 80 horas e 16,9% conseguem ter uma jornada superior a 80 horas semanais.

Apenas 5,2% têm uma jornada de até 20 horas por semana e 19,4% trabalham de 20 a 40 horas semanais. De acordo com a pesquisa, 18,6% dos médicos do Nordeste trabalham mais do que 80 horas semanais, no Sudeste, este percentual é de 17,5%; no Sul, 16,4% e no Norte, 11,5%.

São os mais jovens que têm uma carga de trabalho maior. Entre os médicos com até 35 anos, 25% trabalham 80 horas ou mais por semana. Entre aqueles que têm 35 e 60 anos, 16,6% têm esta carga horária ampliada.

Remuneração – A pesquisa também perguntou qual era a remuneração dos entrevistados: 62,4% declararam receber mensalmente até R$ 16 mil, 20,4% recebem de R$ 16 mil a R$ 24 mil e 13,4% declararam receber mais de R$ 24 mil mensais. 3,8% dos entrevistados recusaram-se a responder à pergunta.

Os jovens são os que recebem os menores salários. Entre os com até 35 anos, 31,9% ganham até R$ 8 mil. Nessa faixa etária, apenas 6,5% ganham mais do que R$ 24 mil. Entre os que têm entre 35 e 60 anos, 11,5% ganham até R$ 8 mil e 16,7%, mais do que R$ 24 mil.

Quando feita a comparação entre os sexos, as mulheres ficam com os menores salários. Na faixa salarial de até R$ 8 mil, elas são 27,9% e os homens, 14,1%. Na faixa acima de R$ 24 mil, os homens são 20,1% e as mulheres, 4,4%.

Apesar de concentrarem um percentual menor de médicos, as cidades do interior remuneram melhor os médicos. Na faixa salarial que vai até R$ 8 mil, estão 21,8% dos médicos das capitais e 17,7% do interior. Entre quem ganha acima de R$ 24 mil, estão 12,1% dos médicos das capitais e 15,1% desses profissionais do interior. Já 76,8% dos médicos das capitais e 73,9% dos médicos do interior estão na faixa salarial de até R$ 20 mil.

Um terço dos médicos afirma estar
com sobrecarga de trabalho

Para 54,6% dos médicos entrevistados, a carga de trabalho é adequada e eles se sentem em plena capacidade de trabalho. Já 31,7% sentem-se sobrecarregados e 13,7% afirmaram que poderiam aumentar a carga de trabalho. O perfil mais comum dos que sofrem com o impacto de jornadas que consideram extenuantes inclui os de menor faixa etária e com atuação no âmbito da rede pública. Não há diferença entre os sexos.

No grupo de maior idade, acima de 60 anos, apenas 15,6% afirmam se sentir sobrecarregado. Este percentual passa para 36,6% na faixa etária até 35 anos e 34,6% entre os que têm de 35 a 60 anos.
Os profissionais que se sentem mais sobrecarregados são os que trabalham tanto no setor público, quanto no privado: 38,6% afirmaram se sentir assim, contra 31,7% da média geral. Já entre os que trabalham apenas no setor privado, 24,6% afirmaram que poderiam trabalhar mais.

Plantonistas – O plantão em hospitais ou unidades de pronto-atendimento é realizado por 44,6% dos médicos. Entre os médicos formados há menos de 10 anos, 45,1% são plantonistas, já entre os que se formaram há 30 anos ou mais, apenas 16,4% fazem plantão. No grupo das pessoas com mais de 60 anos, apenas 9% são plantonistas.

Os plantonistas também têm uma carga horária semanal maior: 26,4% deles trabalham 80 horas semanais ou mais. Entre os não plantonistas, apenas 9% têm essa carga horária. Nas jornadas de 20 a 40 horas por semana, os plantonistas são 8% e os demais, 28,9%. A diferença salarial, no entanto, não é significativa. Na faixa intermediária de salários – entre R$ 12 mil e R$ 20 mil –, os que fazem plantão são 36,2% e aqueles que não fazem somam 30,7%.

Quanto à quantidade de plantões, 67,4% dos plantonistas realizam um ou dois plantões por semana, 32,6% cumprem três ou mais e 7,9% fazem cinco ou acima deste número. O plantão de 12 horas é o mais comum (68,2%), seguido pelo de 24 horas (25,8%). Apenas 6% realizam plantões com jornada menor do que seis horas.

Consultório – A Demografia Médica também dividiu os médicos entre os com atuação em consultório e os sem: 59,9% responderam atuar em consultório (particular isolado, compartilhado ou em clínica privada) contra 40,1% que responderam não. No grupo dos “sem consultório” estão os médicos que trabalham em hospitais, ambulatórios públicos, rede básica de saúde, universidades e empresas.

Os médicos com consultório geralmente são especialistas (73,5%), têm maior número de vínculos empregatícios, fazem jornadas mais longas, estão nas melhores faixas salariais, têm mais experiência profissional, trabalham nas capitais e são homens, em sua maioria (61,7%).

Mais da metade dos médicos entre 35 e 60 (55,5%) trabalha em consultório particular ou clínica privada. Já os mais jovens, de até 35 anos, estão em maior número no grupo dos “sem consultório”, são 42,8%. Um quinto (20,6%) dos profissionais com consultório trabalha 80 horas ou mais por semana. Entre os “sem”, este percentual é de 11,5%.

Entre os profissionais com consultório, 68,6% é dono do seu próprio negócio, ou divide o espaço com colegas. Os demais (31,4%) prestam serviços em clínicas e ambulatórios privados. Dos médicos proprietários, 36,2% atuam sozinhos e 63,8% dividem o espaço com outro colega (21,1%) ou com mais de um (78,9%).

Um quarto dos médicos com consultório não trabalha com planos de saúde e atende apenas pacientes particulares e 74,6% trabalham com pacientes conveniados a planos de saúde e particulares.

Clique aqui e veja a íntegra da Demografia Médica 2015

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