A médica capixaba e professora universitária, Dra. Patrícia Deps, lança, no próximo dia 31 de maio, no II Simpósio InfoHansen, na Ufes, o livro Hanseníase na Prática Clínica. A docente do Curso de Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Doenças Infecciosas da Ufes é a editora do livro, que teve a participação de 30 profissionais brasileiros, dois portugueses e um inglês.
O trabalho contou com uma edição rigorosa da Dra. Patrícia e com a revisão de dois outros médicos e acadêmicos, os doutores Marcos Cesar Floriano, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Marcos Virmond, da Universidade Nove de Julho (Uninove).
Os três são pesquisadores reconhecidos nacional e internacionalmente no estudo da hanseníase e contam com uma extensa lista de publicações científicas. A decisão de ampliar a pesquisa sobre o tema, explica a Dra. Patrícia, é fruto do interesse muito limitado que a hanseníase desperta na academia.
Segundo a professora da Ufes, o Brasil precisa investir mais em pesquisa e desenvolver e disponibilizar novas ferramentas que ajudem no diagnóstico precoce e na produção e descoberta de novos medicamentos para o tratamento da doença. O Brasil é o segundo país com mais casos da doença no mundo, atrás apenas da Índia.
“Ao mesmo tempo em que entendemos a hanseníase como uma doença milenar, atrelada a um forte estigma, sabemos também que é uma doença curável. Esta dualidade tem convivido por algumas décadas desde a implantação de um tratamento eficiente por meio da utilização da poliquimioterapia (PQT) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Alguns até acham que a doença não existe mais. Na contramão da eliminação da doença, fato que não ocorreu, ela também é responsável por muitas pessoas com incapacidades”, comentaram a editora e os dois revisores, em entrevista ao site www.allianceagainstleprosy.org.
Cinco professores da Ufes participaram da publicação: Bernardo Ramos, Jovana Ciriaco, Maria Angélica Andrade e Patrícia Saraiva, do curso de Medicina; e Raquel Baroni, do curso de Odontologia. Além dos professores, 33 estudantes do curso de Medicina da Ufes auxiliaram na revisão de literatura.
O trabalho da Dra. Patrícia Deps
A médica e professora Patrícia Deps atua na área da hanseníase há mais de 20 anos e, atualmente, participa de um projeto celebrado entre a Ufes e a Centrale Supélec, um dos principais polos de Engenharia da França, que visa criar um modelo matemático para estudar a tendência de casos da doença no Brasil e no mundo.
Em 2020, realizou um estudo inédito sobre os crânios das catacumbas da cidade de Paris, que foi destaque na revista britânica Annals of Human Biology. O artigo Leprosy in skulls from the Paris Catacombs relata o estudo com 1.500 crânios, com o objetivo de avaliar as alterações ósseas típicas da hanseníase.
Em 2019, lançou O Dia em que mudei de nome: hanseníase e estigma (The day I changed my name: hansen´s disease and stigma). A obra, bilíngue, apresenta os resultados do projeto de extensão coordenado pela professora entre 2014 e 2017, no qual foi avaliada a repercussão do isolamento compulsório das pessoas afetadas pela hanseníase e de suas famílias na sociedade capixaba.
Recentemente, a Dra. Patrícia Deps foi a única pesquisadora estrangeira convidada a participar da edição francesa do livro Essas questões que você não ousa perguntar para seu médico (Ces questions que vous n’osez pas poser à votre médecin). O livro responde de forma objetiva e direta a dúvidas sobre doenças e condições físicas que geralmente costumam deixar os pacientes em situações desconfortáveis e constrangedoras.
Atualmente, a pesquisadora aparece em 11° lugar na lista dos cientistas com maior número e qualidade de publicações científicas de alto impacto em hansenologia.